Site Cultural de Feijó

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“A minha maior proposta é cuidar da nossa gente”, diz pré-candidato a prefeito de Feijó

Jorge Natal para Agora Acre

À margem direita do Rio Envira, o Seringal Porto Alegre deu origem ao município de Feijó. Antes, tornou-se vilarejo e, em 1906, foi elevado à categoria de Vila sob a denominação que hoje conhecemos, em homenagem ao Padre Diogo Feijó, que foi político e estadista na época do Brasil Imperial.

O município localiza-se na região central do Acre e sua população, de 32 mil habitantes, é a terceira maior do estado. Com 24.202 km² de área é o segundo maior do estado e um dos maiores do país. Faz limite ao norte com o Amazonas, ao sul com o Peru, a leste com os municípios de Santa Rosa do Purus e Manoel Urbano e a oeste com os municípios de Tarauacá e Jordão.

Com exceção da capital, Feijó sempre se caracterizou por ser uma cidade organizada, antes mesmo da ligação terrestre com a capital. “A gente aprendeu a se virar. Na época da borracha e, por causa da nossa posição geográfica, tivemos uma economia forte”, comentou o ex-prefeito Aurélio Braga, um homem muito querido pela população.

A pequena agricultura e a pecuária são os únicos setores produtivos existentes no local. E de que vive a grande massa de desempregados? De subempregos, dos programas de transferência de renda (Bolsa Família) e de droga. “Depois do serviço público, quem mais emprega é a droga”, revelou um morador, bastante indignado, afirmando que os bairros estão dominados pelas facções criminosas.

 

Formado em Educação Física e em Direito, o oficial de justiça Gerson Meireles, de 51 anos, é o pré-candidato a prefeito pelo PSL. Vereador por dois mandatos e ligado ao esporte, ele aparece bem cotado em todas as pesquisas que foram realizadas no município. Para falar sobre a pré-campanha e outros assuntos, o político conversou a nossa reportagem. Veja a entrevista:

JN – Por que o senhor quer ser prefeito?
Gérson Meireles – Estamos passando por um momento muito difícil. Não há uma evolução administrativa em Feijó. Eu posso fazer algo diferente, principalmente por causa da minha experiência de 25 anos no serviço público. Também exerci dois mandatos de vereador e fiz três pós-graduações. Tenho uma visão diferente, ou seja, almejo fazer uma gestão gerencial. Caso seja eleito, irei melhorar os serviços essenciais e implantar novos, priorizando a saúde, a educação, segurança e políticas para estimular a criação de emprego e renda. Precisamos, ainda, fazer uma reforma administrativa e tributária. Vamos montar uma equipe técnica que não esteja atrelada a apadrinhamentos.
JN – Como está a sua pré-campanha?

Gérson Meireles – A pandemia afetou todos os candidatos, mas a mim de forma mais incisiva. Eu gosto de ir às casas, cumprimentar e abraçar as pessoas. Eu tenho propostas e projetos. Quando fui vereador, entre 1997 e 2004, apresentei 87 projetos. Cinqüenta e dois foram aprovados, destacando o do Festival do Açai e de Praia, o bolsa escolar de nível superior, a olimpíada estudantil, o campeonato indígenas, o serviço de mototaxis e outros ligados à juventude.

JN – Quais são as suas principais propostas?
Gérson Meireles – A minha principal proposta é cuidar da nossa gente. Temos inúmeras para fazer uma reforma administrativa, outras voltadas para obras, destacando-se um centro social urbano para resocializar aqueles jovens que cometerem algum desvio. Começaremos pela infância até formar o cidadão com valores sociais e princípios morais. Irei buscar recursos na Suframa para montarmos uma cerâmica, que irá fabricar tijolos de alta qualidade desenvolvida pela Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac). Também vamos fabricar manilhas (bueros). Com esses produtos, iremos pavimentar Feijó. É inconcebível as crianças chegarem às escolas com sacolas plásticas nos pés. A matéria-prima são o barro e a água. A atual administração não fez um metro de pavimentação com recursos próprios. Também vamos desenvolver projetos para estimular as indústrias de móveis e a agroindústria, principalmente a fruticultura, em especial com o açaí.

JN – O que deve ser feito para se desenvolver uma cultura empreendedora no município?

Gérson Meireles – Temos um grande potencial para a agricultura e a pecuária, além de alguns produtos florestais. As pessoas daqui podem ser prósperas explorando os nossos recursos naturais, ou seja, aquilo que é vocacional na região. E aí entra o poder público estimulando a criatividade e facilitando juridicamente esses empreendimentos. Essas pessoas estão com as mãos atadas e sem esperança. Caso sejamos eleitos, vamos cria um centro de atendimento ao cidadão, que além de outros serviços, vai firmar uma parceria com o Sebrae e instituições financeiras para fomentarmos o empreendedorismo. Temos que acreditar na potencial do poder privado. Os nossos produtos, notadamente o açaí, estão saindo do município sem agregar valor. No Pará, essa iguaria é industrializada e vendida em pó para o mundo afora. Precisamos de agroindústrias porque elas englobam os três setores da economia, ou seja, o primário (agricultura), o secundário (industrialização) e terciário (comércio).

JN – O senhor é muito ligado ao esporte. O pode ser feito nessa área?

Gérson Meireles – Eu fui criado dentro do esporte. Peguei a seleção feijoense com apenas 15 anos de idade. Também jogue futebol no Rio Branco. As pessoas me conhecem mais como jogador do que como advogado ou oficial de justiça. Sempre pratiquei esportes. Vamos criar os centros sociais integrados que irão trabalhar com as crianças desde os quatro anos de idades, envolvendo-as com as artes marciais, com o esporte de um modo geral, além da cultura, do teatro, o desenho, a música, entre outras habilidades. Isso se dará num ambiente de respeito e de cidadania. Vamos regatar cerca de 70% dos jovens que se desviarem dos bons caminhos e evitar que outros os trilhem. Esses centros terão a participação do Judiciário, Corpos de Bombeiros, das Polícias Civil e Militar, do Ministério Público, da Defensoria Pública, entre outras instituições. Como professor de educação física, eu sei das dificuldades enfrentadas pela juventude. O esporte, a cultura e o lazer serão nossas prioridades.

JN – Qual é a sua relação com os povos indígenas?

Gérson Meireles – Desde quando eu era vereador, contribui para o bom relacionamento dos povos indígenas com as pessoas da cidade. Eu ando em todas as aldeias e eles entram na minha casa. Eu criei a Semana dos Povos Indígenas, oportunidades que eles faziam suas apresentações culturais. Como prefeito, seremos parceiros em inúmeras políticas públicas para que, cada vez mais, aja a inclusão social dessas populações. Temos dois candidatos índios nestas eleições.

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