Brasil - Resultados do Pisa ajudam na programação de investimentos na educação básica
Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgados nesta terça-feira, 4, serão fundamentais para que a ajuda técnica e financeira do Ministério da Educação aos estados seja mais efetiva e eleve a qualidade da educação. Pela primeira vez, os resultados foram apresentados por unidade da Federação. “Se o estado está abaixo da média nacional e não tem recursos, ele precisa de ajuda técnica e financeira da União”, explica o ministro Fernando Haddad.
Os dados mostram que alguns estados, mesmo com investimentos maiores que a média nacional por aluno, ficaram abaixo da média do Brasil no Pisa. “Nesses casos, a ajuda técnica é necessária”, diz Haddad. No geral, estados mais ricos se saem melhor do que os mais pobres. Mas há exceções, como Rondônia e Sergipe. A interpretação do ministro é a de que recursos adicionais para a educação são imprescindíveis, mas não suficientes. “É preciso combinar mais recursos com mais gestão para obter o resultado.”
Rondônia e Sergipe surpreenderam positivamente, com resultados acima da média nacional nas três disciplinas avaliadas pelo Pisa — matemática, leitura e ciências. “Isso, provavelmente, significa boa gestão pública dos recursos da educação. É possível, com boa gestão e mais recursos, equalizar as oportunidades educacionais no país.”
Sobre os resultados de estados que ficaram abaixo da média nacional, o ministro entende que cada rede tem sua história e inúmeras variáveis para explicar o resultado negativo. “Ninguém chega a resultados bons ou ruins num curto espaço de tempo. Mas é preciso partir do dado concreto para pensar daqui para frente”, diz.
O Pisa traz os dados obtidos pelos estudantes de cada estado em matemática, leitura e ciências.
Ouça o que disse o ministro Fernando Haddad sobre a importância da divulgação dos dados dos Pisa por estado.
Manoela Frade
Estudantes brasileiros melhoram aprendizado de matemática
Os estudantes brasileiros apresentaram aumento significativo em relação a 2003, em matemática, no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), em 2006. Em ciências, o desempenho foi similar em relação às duas últimas edições, e houve ligeira queda em leitura. O Pisa é uma avaliação internacional, aplicada a cada três anos, que mede o nível educacional de jovens de 15 anos em leitura, matemática e ciências.
Em matemática, o Brasil subiu 14 pontos em relação à última avaliação, em 2003. Esse aumento só foi superado, entre os países convidados, pela Indonésia (31 pontos). Já entre os países-membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade formada por 30 países responsável pelo Pisa, o aumento do Brasil em matemática só foi superado pelo México (20 pontos).
Em 2006, quando a área principal avaliada foi ciências, 20 milhões de alunos de 57 países, dos quais 400 mil de 27 nações convidadas, fizeram o exame. No Brasil, país não membro da OCDE que participa da avaliação pela terceira vez consecutiva como convidado, o exame é aplicado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O Pisa produz indicadores que contribuem, dentro e fora dos países participantes, para discutir a qualidade da educação básica e subsidiar políticas nacionais de melhoria da educação. O Ministério da Educação usará seus resultados para orientar os investimentos e ajudas técnicas com mais efetividade. “É a primeira vez que os dados são divulgados por estado”, diz o ministro Fernando Haddad. Em 2006, a amostra em relação a 2003 mais que dobrou, com 9.295 alunos de 625 escolas em 390 municípios brasileiros. Em 2003, participaram da prova 4.452 alunos.
Qualidade da educação depende de planejamento, investimento, metas e prazos
Na divulgação dos dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), nesta terça-feira, 4, o ministro Fernando Haddad voltou a falar que os investimentos em educação serão sentidos a longo prazo. “A qualidade não cairá do céu”, disse.