“Acre é quem mais reprime e elucida crimes no país”, diz secretário de Polícia Civil
O aumento da violência no Acre nos últimos meses levou o Ministério da Justiça
a autorizar, a pedido do governador Tião Viana (PT), o uso da Força
Nacional de Segurança Pública para atuar durante seis meses no Estado,
na região de fronteira com a Bolívia e Peru, mas o prazo poderá ser
prorrogado caso seja necessário.
Com apoio logístico e supervisão dos órgãos de segurança pública
estaduais, a presença da Força Nacional será empregada na fiscalização,
inibição, prevenção, coibição e repressão aos crimes de contrabando, de tráfico de drogas e de armas.
O Acre, cuja população é de 700 mil habitantes, já registrou este ano 184 homicídios, dos quais 84 em Rio Branco,
a capital, onde o índice é 14% maior do que foi registrado no mesmo
período de 2012. Com mais de 4 mil presos, o Acre é o estado com a maior
taxa de encarceramento no país (496 presos para cada 100 mil
habitantes).
Mas o secretário de Polícia Civil
do Acre, Emylson Farias, considera que Estado está cumprindo bem o seu
papel e se destaca por ser o que mais reprime e elucida crimes no país.
- A repressão é forte no Acre. Temos, de janeiro a setembro, 2.583
pessoas presas apenas em Rio Branco, a capital. Não tem nenhum estado do
Brasil que prenda tanto quanto o Estado do Acre. Não estou dizendo que
lá em São Paulo, no sul
maravilha, isso não ocorra. O que lá não ocorre é a repressão forte. O
que não vemos lá é polícia prendendo rapidamente como no Acre. Onde é
que você ver três crimes de latrocínio sendo elucidados e os criminosos
presos em uma semana? Você não vê isso em nenhum outro lugar do Brasil –
afirma.
Veja a entrevista exclusiva com o secretário Emylson Farias:
Como será a atuação da Força Nacional de Segurança no Acre?
A Força Nacional tem muito mais o objetivo de fortalecer as
fronteiras, pois a Bolívia e o Peru são reconhecidos como dois grandes
produtores de cocaína para o Brasil e o mundo. Portanto, o objetivo dela
é bastante específico. Fortalecendo o combate ao tráfico de
entorpecentes se reduz os demais indicadores de criminalidade.
A presença da Força Nacional não está relacionada à violência crescente no Estado?
Recentemente, tivemos um final de semana com três latrocínios, crimes
que causaram um clamor público grande. Tivemos um pouco antes registro
de evento em que um policial e um assaltante morreram após confronto
numa loja em Rio Branco. Em todos esses e outros casos os criminosos
envolvidos foram presos. A repressão tem sido muito forte.
O senhor costuma enaltecer o fato de que o Acre é o estado
que mais prende e menciona isso como eficiência de segurança pública.
Não é o contrário?
Eu não falo que seja sinal de eficiência. O que tenho dito é que a
repressão é forte. Precisamos fortalecer outras situações, como a
prevenção. Por isso que traçamos outras estratégias. O termo de
cooperação assinado pelas forças de segurança com o sistema de justiça
criminal traz para o debate outros atores. Estamos discutindo a
segurança em sua integralidade. A repressão é forte no Acre. Temos, de
janeiro a setembro, 2.583 pessoas presas apenas em Rio Branco, a
capital. Não tem nenhum estado do Brasil que prenda tanto quanto o
Estado do Acre. Não estou dizendo que lá em São Paulo, no sul
maravilha, isso não ocorra. O que lá não ocorre é a repressão forte. O
que não vemos lá é polícia prendendo rapidamente como no Acre. Onde é
que você ver três crimes de latrocínio sendo elucidados e os criminosos
presos em uma semana? Você não vê isso em nenhum outro lugar do Brasil.
Quais os crimes que motivam tantas prisões?
Ninguém vai preso por crime de menor potencial ofensivo.
As prisões expressam a eficiência da polícia ou expressam os problemas sociais do Acre?
A repressão forte no Acre mostra a eficiência e elucidação por parte
das polícias. Não sou eu que estou dizendo. O Conselho Nacional do
Ministério Público veio ao Acre no ano passado premiar a Polícia Civil
do Estado do Acre pelos melhores indicadores do Brasil em elucidação de
crimes.
Mas as prisões expressam os problemas sociais do estado?
Problema social… Na Suíça existe a Polícia do Rei. Quanto crimes ocorrem lá por ano?
Não sei secretário e nem dá para comparar a Suíca com o Acre.
Exatamente, não dá para comparar. Problemas sociais sempre existem em qualquer lugar. Por isso que estou dando o exemplo de lá.
O senhor não admite mesmo que as prisões expressam os problemas sociais do Acre?
O que é crime, em qualquer lugar, sempre está relacionado com
educação, polícia, segurança pública. O crime tem sempre uma matriz.
Isso ninguém pode discutir. Os indicadores de criminalidade que existe
no Rio de Janeiro mostram isso, assim como os indicadores de Minais
Gerais, que já foi um exemplo de segurança pública e hoje tem
indicadores disparados de criminalidade. Em nenhum desses lugares existe
uma repressão tão forte quanto no Acre. O crime ocorre. Prendeu? Não.
Quantos inquéritos de homicídio em Minas Gerais são elucidados? Quantos
inquéritos de homicídios são elucidados em São Paulo? Quantos inquéritos
de homicídios são elucidados no Rio de Janeiro? Pouquíssimos. É isso o
que estou dizendo.
http://terramagazine.terra.com.br/blogdaamazonia/blog/2013/10/02/acre-e-quem-mais-reprime-e-elucida-crimes-no-pais-diz-secretario-de-policia-civil/
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