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Delegado diz que presídio está prestes a 'explodir' em Cruzeiro do Sul

Delegado critica falta de segurança em presídio, após fuga de presos. Diretor de presídio rebate acusações, mas admite falta de pessoal.
Delegado Elton Futigame (Foto: Genival Moura/G1)Delegado Elton Futigami (Foto: Genival Moura/G1)
O delegado Elton Futigami que coordena as ações da Polícia Civil, no Vale do Juruá, interior do Acre, fez uma série de questionamentos sobre as condições de segurança no presídio de Cruzeiro do Sul (AC) de onde fugiram dois presos na semana passada, sendo um deles considerado de alta periculosidade. “É um negócio assim que está para explodir”, questiona o delegado, sobre o número de presos que segundo ele, trabalham livremente nas áreas externas.
Um dos fugitivos é o ex-lutador de jiu-jitsu, Paulo Roberto de Araújo Campelo, o Cuca, considerado o mais perigoso e continua foragido. O outro detento, Ednardo Gaspar de Souza, o Lourinho, de 25 anos, foi recapturado dois dias após a fuga pela Polícia Militar e prestou depoimento ao delegado.
“O Lourinho disse que ficam em torno de 50 presos do lado de fora e não existe sequer, um muro para dificultar. Eles são monitorados por um agente penitenciário, mas na hora do almoço, até esse agente se ausenta. O que impede desses presos se rebelarem, renderem a segurança e libertarem até os detentos que estão nas celas? É um negócio assim que está para explodir. Eles têm tempo até de sair pegar armas e voltar. Esses dois presos fugiram tranquilamente e o pessoal do Iapen (Instituto da Administração Penitenciária) só ficou sabendo depois que um taxista foi roubado pela dupla”, declara Elton Futigami.
O delegado destaca que em muitos casos a polícia prende até três vezes uma pessoa pelo mesmo delito. “Um exemplo é quando prendemos alguém em flagrante e essa pessoa é solta para responder em liberdade, ou até permanece na cadeia por um tempo, e depois é liberada por alguma razão. Quando sai a condenação, a justiça envia o mandado e a gente prende mais uma vez. Em caso de fuga, a polícia efetua a prisão pela terceira vez e isso tem um custo. Nessa fuga, a gente teve duas viaturas danificadas durante as buscas, gastos com combustível e outras despesas”, ressalta.
Elton Futigami questiona ainda, os critérios adotados pela direção do presídio em relação à atividade para a remissão de pena. “Às vezes colocam alguém para trabalhar que já está preso há alguns anos, no entanto, essa pessoa foi julgada recentemente. Enquanto não é julgado, o preso vai fazer o papel de bom samaritano. Agora, eu quero ver após a sentença, quando ele refletir que tem 35 anos de cadeia pela frente. Esse rapaz em questão com essa pena toda, já estava assim, trabalhando do lado de fora? Acredito que não seja isso que a sociedade quer. A pena deveria ser em regime fechado, o preso deveria cumprir pelo menos um terço e quando tivesse faltando pouco tempo, aí sim, ele poderia analisar a fuga como um prejuízo”, opina.
'Lamentável', diz diz diretor de presídio sobre declarações
O diretor do presídio, Marquiones Santos, considerou como lamentáveis as declarações do delegado. “Eu acho lamentável a colocação do delegado, imagino que a pessoa para falar de uma instituição, tem que ter conhecimento de causa. As pessoas que fogem são aquelas que trabalham naquela parte extra muro e lamentavelmente nós não temos pessoal para acompanhar todos os presos", explica.

Ele lembra que todos os que trabalham na área externa são os que apresentam bom comportamento. "Fazemos o nosso papel de dar oportunidade. É um risco que a gente tem que correr. Se não dermos oportunidade para o preso trabalhar seremos julgados por isso. Todos que trabalham é porque apresentam bom comportamento. Não fazemos rotulações pelo tipo de crime cometido”, afirma.
Em um ano pelo menos cinco presos aproveitaram a oportunidade de trabalhar para fugir das áreas externas do presídio de Cruzeiro do Sul.
O juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca de Cruzeiro do Sul, Hugo Torquato, disse que as atividades exercidas pelos presos são amparadas por lei. Ele informou que a distribuição do trabalho compete à direção do estabelecimento prisional que deve também observar as medidas para que se evitem fugas.
“Aos condenados que estejam em cumprimento de pena no regime fechado que é o caso em questão, deve ser disponibilizado trabalho interno, com jornada diária entre seis e oito horas e descanso aos domingos e feriados, ou trabalho externo, a ser executado em serviços e obras públicas. Observadas as medidas necessárias para que se evitem fugas. Em qualquer hipótese devem ser consideradas habilitação, condições pessoais, necessidades individuais, aptidão, disciplina e responsabilidade,” disse o juiz ao citar parágrafos da lei de Execuções Penais.
Ainda de acordo o magistrado, os motivos da fuga ocorrida no dia 22 estão sendo investigados. Mas, até o momento não existe indício de que tenha havido favorecimento ou má fé por parte dos servidores do Iapen.
http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2014/05/delegado-diz-que-presidio-esta-prestes-explodir-em-cruzeiro-do-sul.html

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